terça-feira, 6 de novembro de 2007

Dia da Consciência Negra


O dia 20 de novembro é o dia da Consciência Negra. A data foi escolhida pelo Movimento Negro em contraposição ao 13 de maio (dia da suposta abolição da escravatura) e é uma homenagem a Zumbi dos Palmares, que faleceu neste dia há 308 anos. Zumbi foi o líder do Quilombo dos Palmares - que é considerado o maior foco de resistência negra à escravidão no Brasil. Mais de três séculos após a sua morte, constata-se que o racismo não deixou de existir, ou de se manifestar cruelmente. Na verdade, a opressão de cor somente modernizou-se, assim como a sociedade da opressão modernizou suas formas de dominação durante os anos.

As diversas organizações ligadas à questão racial têm esta data como um ponto de convergência para manifestações e reflexões sobre suas formas de luta e atuação por uma sociedade que saiba respeitar, contemplar e congregar as diferenças. Podem ser tomadas como exemplo a adoção - em meio a muitas discussões ainda em vigência - das Ações Afirmativas - cotas para negr@s, que já estão em vigor em universidades como a UERJ, UnB, UFAL e UNEB e a lei que obriga o ensino da história africana e afrobrasileira nas escolas, por exemplo.

Manifestações, atos e passeatas estão sendo organizados em todas regiões do país. As cidades de Piracicaba, Campinas, Limeira, Hortolândia, Ribeirão Pires, Santa Bárbara D'Oeste (SP), União dos Palmares (AL), Cuiabá (MT), Pelotas, Porto Alegre (RS) e Macapá (AP) e o estado do Rio de Janeiro instituíram o dia da Consciência Negra como feriado.


Zumbi dos Palmares


Zumbi dos Palmares nasceu no estado de Alagoas no ano de 1655. Foi um dos principais representantes da resistência negra à escravidão na época do Brasil Colonial. Foi líder do quilombo dos Palmares, comunidade livre formada por escravos fugitivos das fazendas. Palmares estava localizado no interior da Bahia (a região pertence atualmente ao estado da Bahia). Na época em que Zumbi era líder, o Quilombo dos Palmares alcançou uma população de aproximadamente trinta mil habitantes. Nos quilombos, os negros viviam livres, de acordo com sua cultura, produzindo tudo o que precisavam para viver..


Embora tenha nascido livre, foi capturado quando tinha por volta de sete anos de idade. Entregue a um padre católico, recebeu o batismo e ganhou o nome de Francisco. Aprendeu a língua portuguesa e a religião católica, chegando a ajudar o padre na celebração da missa. Porém, aos 15 anos de idade, voltou para viver no quilombo.Zumbi é considerado um dos grandes líderes de nossa história. Símbolo da resistência e luta contra a escravidão, lutou pela liberdade de culto, religião e pratica da cultura africana no Brasil Colonial. O dia de sua morte, 20 de novembro, é lembrado e comemorado em todo o território nacional como o Dia da Consciência Negra.


O livro, a televisão e a terceira margem da experiência estética


A idéia de adaptar as obras literárias para a linguagem do vídeo tem despertado freqüentemente o interesse dos escritores de textos para a televisão, e isto tem a sabedoria de abrir as portas da percepção para uma atualização do presente a partir dos clássicos. Ao mesmo tempo, a memória literária, o passado, a própria História também se atualizam por meio das televisões. A aparente frivolidade da mídia pode se mostrar fértil permitindo a troca de experiências entre gerações diferentes e estimular o diálogo entre épocas distintas. (...)

Mas por outro lado, no que concerne ao lado performativo da televisão, é preciso evitar o risco de saturar as imagens visuais com signos que pertencem à outra lógica de sentido, e que poderiam prejudicar uma comunicação visual de qualidade. As letras precisam ser móveis, os signos têm que ser nômades, o texto escrito precisa ter a agilidade do cinema se quiser ser convincente junto aos iconofílicos do século XX. As câmeras, lentes, máquinas de visão obedecem a uma série de exigências e curiosidades que se satisfazem através das relações exclusivas entre o olho e o espírito.

Constitui uma competência comunicativa transformar os desafios em oportunidade. Transpor a arte literária para as máquinas de visão implica sempre numa atitude que requer perspicácia e sensibilidade. A recepção de um livro adaptado para a televisão tem a ver com as relações entre a experiência da memória e a experiência do cotidiano dos indivíduos. Diz respeito à alquimia realizada entre o antigo e o novo, o moderno e o tradicional. É uma mistura que precisa ser bem temperada para dar certo. (...)


Autor: Cláudio Cardoso de Paiva, da Universidade Federal da Paraíba

Che Guevara


Uma aula de história deve servir para desconstruir mitos.


Claudio Recco


Um mito se descontrói com uma grande reflexão sobre seu papel na história, percebendo o contexto em que viveu e qual importância teve para as principais transformações que ocorreram em sua época.
Um mito se descontrói analisando as condições objetivas em que suas ações ocorreram, compreendendo as forças sociais e políticas que existiam em dado momento, assim como os interesses econômicos envolvidos. Lacerda para a crise do populismo e ainda sua importância para o golpe militar de 64
A discussão sobre um mito torna uma aula de história significativa, pois implica reflexão e não apenas fazer uma lista de grandes realizações de um “grande homem”. Os alunos se envolvem com uma discussão sobre a “importância de Napoleão” e apenas decoram uma aula com as “realizações de Napoleão”.
A matéria da revista Veja sobre Che Guevara é uma das peças mais retrógradas que podemos ver na imprensa nos últimos tempos, não pela opinião dos autores sobre o comunismo ou sobre Che, os medíocres autores podem ter a opinião que quiserem sobre qualquer coisa, mas daí a achar que todos os brasileiros devem ter a mesma opinião...
Nesta semana ouvi..
“Todos sabem que Veja é uma revista fascista...”.
Não, as pessoas em geral não sabem. Não sabem, e muitos acreditam nas “informações produzidas” pela revista.
A revista conseguiu – mais uma vez – dar uma lição de péssimo jornalismo, com a falta de ética básica para uma reportagem e contribuiu para reforçar os problemas do ensino da história no país.
Será que “liberdade de imprensa” significa: “eu tenho o direito de escrever qualquer coisa, sobre qualquer assunto” ???
Afinal, um mito se descontrói com análise e reflexão, coisa que os jornalistas da Veja não tiveram capacidade de fazer.
Para os críticos da revista, nenhuma novidade; para seus leitores assíduos e defensores intransigentes, um atestado de alienação, pois passaram a semana vomitando os argumentos lidos, sem a capacidade crítica de pensarem por si só.
Não é de hoje que parcela significativa da “grande imprensa” (sic) aposta da despolitização e na alienação de amplos setores da sociedade. Porque uma revista deveria contribuir para o povo refletir?, Não, é mais interessante contar a verdade pronta, para que as pessoas apenas repitam.
Ao voltarmos para as salas de aula, podemos resgatar com nossos alunos o papel do jornal O Estado de S Paulo na República Velha, ou da Tribuna da Imprensa de Carlos Lacerda para a crise do populismo e ainda sua importância para o golpe militar de 64